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Arrendar casa chega a ser 60% mais caro do que comprar

Da compra ao arrendamento em Bragança vão mais de 300 euros de distância. Um retrato “inédito” do setor português da habitação, revela que é na cidade do nordeste transmontano que reside a maior diferença entre o valor de uma renda e o de uma prestação ao banco. O intervalo é de 61%, revela o estudo publicado esta...
26 jul 2019 min de leitura
Mas não é só no interior do país que comprar casa compensa mais do que arrendar. A tendência estende-se de norte a sul, conclui a análise. No Barreiro, por exemplo, a mensalidade de uma casa arrendada é 58% superior à de uma habitação comprada. Com intervalos acima dos 50% surgem ainda Castelo Branco e Sintra. Em Lisboa, a diferença é de 14%, metade do valor registado no Porto. Numa análise que abrange 41 cidades, percebe-se que só em Lagos é que compensa mais arrendar do que comprar casa, apesar de a diferença ser de apenas 1%.

E em oito das 18 capitais de distrito a taxa de esforço do arrendamento está “acima do desejável”.

“O resultado surpreendeu-nos. A diferença entre as mensalidades da compra e do arrendamento é bastante mais evidente do que esperávamos”, confessa ao Dinheiro Vivo Ricardo Sousa. “Para soluções de habitação a cinco ou mais anos a compra será sempre mais acessível, mas para períodos mais curtos o arrendamento deveria ser mais acessível. A diferença é compreensível em Lisboa, não tanto no resto do país”.

Para o responsável, os números evidenciam uma “oportunidade para os operadores”, já que é óbvia a “necessidade que Portugal tem de um mercado livre de arrendamento profissional e estruturado”. Esforço a mais em Lisboa e no Algarve O estudo cruzou variáveis como o rendimento médio das famílias nas várias capitais de distrito, os valores para aquisição e arrendamento de uma casa de 90 metros quadrados ou a taxa de esforço necessária para comprar e arrendar. Foi possível concluir que tanto na compra como no arrendamento, é em Lisboa e no Algarve que as famílias têm de esticar mais o orçamento para fazer face às despesas com habitação.

“Os três factores que mais condicionam o acesso à habitação são a concentração urbana, turismo e a procura internacional. Destacam-se, neste contexto, os concelhos de Lisboa, Lagos, Loulé, Tavira, Albufeira e Cascais, muito distantes das restantes realidades nacionais, quer em termos de valorização do parque imobiliário, quer na taxa de esforço para acesso à habitação”, destaca a análise.

Nestas cidades, a taxa de esforço em caso de compra ou de arrendamento ultrapassa ou está muito próxima dos 50%, bem acima dos 33% recomendados pelo Banco de Portugal. Em Lisboa e Albufeira, o esforço das famílias que compram uma casa de 90 metros quadrados aproxima-se mesmo dos 70%.

Ricardo Sousa só vê uma solução para o problema. “Nas áreas metropolitanas a tendência terá de passar por casas mais pequenas. Definimos os 90 metros quadrados como referencia mas percebemos que as famílias, dentro das tipologias que desejarem, têm de procurar áreas menores. Quem está a desenvolver novos projetos também deve ter isto em conta e apostar na construção de apartamentos mais pequenos”.

Para Lisboa, por exemplo, o estudo considerou um rendimento médio mensal do agregado familiar de 1733 euros, com base em dados do INE. O que significa que, para que a taxa de esforço não ultrapasse os 33%, os lisboetas devem comprar uma casa com 50 metros quadrados. Caso optem pelo arrendamento, o espaço não deverá ter mais de 40 metros quadrados.

No extremo oposto da pirâmide está o concelho da Guarda, onde o rendimento médio do agregado familiar permite comprar uma casa de 210 metros quadrados ou arrendar uma habitação de 115 metros.

“Se há uma conclusão clara neste estudo é que Portugal funciona a várias velocidades”, sublinha Ricardo Sousa. E no capítulo das lições, destaca que é preciso uma “visão estratégica de longo prazo”, que retire pressão de Lisboa, Porto e Algarve.

“Num país pequeno em área e com boas infraestruturas, há oportunidades para potenciar outras zonas, como Braga, Sintra ou Aveiro. Há uma integração que deve ser feita entre os vários concelhos das áreas metropolitanas. Para perceber a evolução do imobiliário basta seguir as linhas do comboio e do metro”, remata.

Preço das casas apanha o comboio

A consultora antecipa que nos próximos meses “é expectável que as taxas de esforço na Área Metropolitana de Lisboa continuem a subir, em linha com o aumento da procura de casas nos municípios limítrofes da capital”. As estatísticas de preços da habitação do primeiro trimestre publicadas ontem pelo INE confirmam a suposição.

Sem surpresas, é em Lisboa que continuam a registar-se os preços mais elevados, com um custo mediano de 3111 euros por metro quadrado. O valor compara com os 3010 euros registados no trimestre anterior. Já na análise a 12 meses, o INE revela um aumento de 530 euros, ou 20,5%, no custo do metro quadrado das casas da capital.

Em Lisboa há três freguesias “milionárias”, onde o metro quadrado custa mais de quatro mil euros. Em Santo António, a zona que ladeia a Avenida da Liberdade, o valor chega já aos 4742 euros, mais 16% do que há um ano. Em Santa Maria Maior, que abrange Alfama, o aumento foi de 26%, enquanto a Misericórdia encareceu 17%.

Mas a freguesia da capital que registou o maior disparo de preços foi a Ajuda, com um aumento de 36,6%. O valor mediano do metro quadrado chega agora aos 3085 euros. Num ano aumentou 826 euros.

Os dados do INE confirmam também a “tese da linha do comboio”. O concelho do país onde os preços mais subiram foi a Amadora, onde o aumento chegou a 22,7%, o equivalente a 241 euros. O valor chega agora aos 1304 euros por metro quadrado.

À Amadora segue-se o Porto na lista das cidades mais valorizadas no arranque de 2019. O preço das habitações na Invicta subiu 22%, para um valor mediano de 1682 euros, mais 303 euros face ao período homólogo.

Na freguesia portuense do Bonfim o valor do metro quadrado subiu 47,5% num ano, o equivalente a 533 euros. A freguesia de Campanhã também registou uma escalada expressiva dos preços, de 38%. Aqui, o metro quadrado já custa 1108 euros, quando há um ano podia ser comprado por 801 euros.

A nível nacional o valor do metro quadrado ultrapassou os mil euros, o que se traduz num aumento de 61 euros em relação ao mesmo período de 2018.

Fonte: Dinheiro Vivo
 
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